segunda-feira, abril 14

Onde está a ética da ética?

Um artigo publicado no Jornal Público, edição de Sábado, 12 de Abril de 2008, intitulado “Arte – Há limites éticos?” questiona a ética da Arte, partindo do célebre e polémico caso Habacuc, o artista plástico Costa Riquenho de nome Guillermo Vargas Jiménez, que prendeu um cão vadio numa galeria, (a galeria Códice, em Manágua, Nicarágua) deixando-o por tempo indeterminado, sem comida. Partindo desse artigo e resumindo-se a ele na sua essência, é esta a minha reflexão: é uma reflexão unipessoal, e deve ser entendida enquanto tal.
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Há muito que as questões éticas se colocam na arte, actividade humana que, por definição ou simplesmente por característica intrínseca, rompe com limites, com tabus sociais e pessoais. Consequentemente, é uma das características da arte, o questionar da própria ética... E como o faz? Chocando. Algumas vezes, com o recurso a meios ou situações, tão ou mais questionáveis que as situações que pretende denunciar.
Nesse contexto, o que nos diz o artigo em questão, sobre o caso Habacuc?
Logo no início, esclarece que, Habacuc, o nome pelo qual o artista é conhecido, é sinónimo de profeta da justiça divina... Embora este pequeno pormenor pareça insignificante, talvez o seu conhecimento ajude a uma compreensão, sob a óptica da psicologia, das motivações do referido autor...
Continua o referido artigo, esclarecendo que este jovem artista, “de 32 anos, era zero, ou perto disso, fora do circuito da arte Latino-americana” , mas que, após a polémica exposição, que lhe valeu “o ódio de milhões de pessoas” e as classificações de “cínico, monstro, psicopata, doente, louco (...) foi convidado para representar a Costa Rica numa bienal de arte contemporânea que cada ano decorre num país da América Central”.
Segundo o artista, a sua Exposicion Nº 1 (assim se intitulava a polémica instalação) assume-se “como comentário ao que aconteceu a Navidad Canda Mariena, um imigrante nicaraguense na Costa Rica que entrou durante a noite num complexo industrial de Cartago e acabou por ser morto por dois rottweiller da segurança, num ataque à vista de elementos da segurança do complexo e, depois, também da polícia que entretanto ocorreu ao local. (...) Há um vídeo de duas horas, das cameras de segurança, em que ele é esquartejado enquanto toda a gente assiste. O que eu tentei foi criar uma situação semelhante, uma relação semelhante entre o que se passava na minha obra e o público da galeria”. Público esse, composto por o “que se supõe serem uma série de convidados”, fotografados “umas vezes completamente distraídos, a conversar, outras a lançar olhares de solsaio à cena, pensativos ou consternados, mas sem demonstrar intenção de intervir”.
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Pretendendo questionar, e acima de tudo informar para que possa ser questionada a ética na arte, o referido artigo dá ainda outros exemplos semelhantes de “obras de Arte” onde se sacrificam animais e até onde se fabricam animais. Um outro caso relatado, é o do artista Brasileiro Cildo Meireles, que “numa intervenção de 1970 (...) atou uma dezena de galinhas a um totem na praça do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro e as matou” como “referência ao martírio do independentista Tiradentes, preso e esquartejado no final do século XVII”.
Entre outros exemplos, pode-se ler igualmente no referido artigo o de o artista alemão Peter Weibel, que instalou várias “televisões transformadas em aquários que vão sendo esvaziados até uma série de peixinhos serem deixados em seco, a lutar por oxigénio, num comentário à hipocrisia das regras de exibição de violência na televisão” , ou outro caso, o do igualmente artista alemão “Gregor Shneider, conhecido pelo ambiente sinistro das suas instalações (...) que está a tentar construir uma sala com condições de assistência médica para ter um doente terminal a morrer em público” e que “está à procura de candidatos”. Isto além do caso de Alba, a “coelha fluorescente” criada “há oito anos” por “um laboratório Francês”, a pedido do artista Brasileiro Eduardo Kac. Relativamente a este caso, refira-se que, segundo o mesmo artigo, “a polémica causada pelo caso foi tal que, no ultimo momento, Kac acabou por não poder ficar com Alba – o director do laboratório não autorizou a saída do animal das instalações” e “até hoje não se sabe o que aconteceu ao coelho”.
Em fotografias, são ainda mostrados outros exemplos, como o Joseph Beuys, que, numa performance intitulada “I Like America and America Likes Me (1974) (...) terá passado uma semana numa galeria com um coiote” . Na fotografia pode-se ver o artista em pé, coberto com o que parece ser um cobertor, enquanto segura o coiote por uma trela curta da qual este tenta livrar-se à dentada... Ou o caso Hannah Wilke, que numa série de auto-retratos intitulada “Intra – Vénus (1993) mostra-se nua, deitada numa cama, com pensos nas ancas e nas nádegas, devido ao facto de estar “a morrer com um linfoma”. E ainda, uma outra em que se pode ver a artista de Body Art Orlan, numa sala de operações, pronta para se submeter a uma operação cirúrgica apenas com o objectivo de falar de cânones de beleza.
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O que nos podem informar todos estes exemplos? Para começar, temos duas situações distintas, sendo que, as que reproduzo aqui como os exemplos de que o artigo apenas mostra fotografias legenda das, a terem de ser enquadradas numa categoria diferente. Para a análise em questão, chamemos aos exemplos apenas em fotografia legendada, de categoria 2, enquanto aos relatados, categoria 1.
Analisemos então, primeiramente, a categoria 2: quanto a mim, embora impressionantes, embora chocantes, estes exemplos, à luz da ética, em nada serão condenáveis. (Apenas com algumas reticências para o caso do coiote...). Porque, se tratam, ora de auto-retratos que mostram uma fase da vida do retratado, como aliás é muito comum na arte, ora de performances ou acções onde o artista participa de forma física, muitas vezes correndo graves riscos para a sua saúde, como é evidente o caso de Orlan, já que nas suas operações, a artista costuma desfigurar-se. .. São acções chocantes... Mas a arte também pode ser isso.
Quanto à categoria 1, antes de avançar nas minhas considerações, gostaria ainda de reproduzir mais algumas frases e citações retiradas do artigo jornalístico em análise: respondendo às polémicas levantadas pelo caso Habatuc e a sua Exposicion nº 1 , Eduardo Kac ( artista da coelhinha fluorescente) defende o colega Costa Riquenho, afirma que o limite para a ética na arte “é a dor”. E continua: “empenha-se um enorme esforço
, energia e tempo à causa de um cão que poderá ou não ter morrido, quando temos centenas de espécies que desaparecem ao longo de um só ano e esquece-se de sofrimento de humanos, próximos mesmo daqueles que gastam esse tempo”. Eduardo Kac defende ainda, que na arte, as “linguagens violentas” são uma “forma de responder a uma crueldade muito maior que a população de todo um país sofre”.
Reproduzo ainda um outro excerto deste excelente artigo do jornal Público, onde Eduardo Kac, tece algumas considerações sobre a ética na Arte: “Kac, que traz ao mundo vidas novas (animais mas também plantas) como obra, diz que 'a ética se ocupa de todos os aspectos das relações entre humanos' e que, 'nesse sentido, a arte não será uma excepção, tanto no momento da produção da obra, como no da sua apresentação e nos aspectos de mercado', mas diz também que 'a arte não precisa de uma justificação a não ser o desejo do artista, o contexto social que o motiva, mais o sentido dessa obra e o seu impacto social'. Precisamente, acrescenta Kac, 'a arte é o laboratório da liberdade, o espaço onde se experimenta com o que não tem limites nem precisa de justificação'. Impor limites éticos universais às práticas artísticas, seria, diz ele, 'anti ético'.
Segundo outro depoimento recolhido por Vanessa Rato, a jornalista que elaborou o artigo que aqui reproduzo parcialmente, o do ensaísta e especialista em filosofia da comunicação, José Bragança de Miranda, “os limites para a arte são políticos e não éticos, na medida em que o que acaba por se verificar é que a ética redunda normalmente numa proibição.” Diz ainda Bragança Miranda: “se se começa a entrar por esse caminho, toda a arte fica impossibilitada. (...) A ética corresponde a um problema, mas não é uma solução para o mundo da arte. Se fosse possível estabelecer limites, eles seriam verdade a um nível individual e não generalizável.” E conclui, referindo-se ao caso Habatuc (contra o qual assinou a petição): “a única coisa em que devemos confiar é na forma como a opinião pública tece ou não linhas de clivagem. Uma obra suscita efeitos e tem que suportá-los. Aliás, os artistas antecipam, usam e abusam desses efeitos. Neste caso eu estou mais com o cão do que com Habatuc. Tal como me sinto mais próximo de coelho do que do Eduardo kac e como recusaria ver a performance das galinhas do Cildo Meireles”.
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Que conclusões poderemos tirar de toda esta salada? Para começar, que se trata mesmo de uma salada! Onde não há (não pode haver?) qualquer coerência. A arte joga precisamente com a incoerência, já que joga com dados não racionais... Mas até onde é aceitável a incoerência na arte? Se não devem haver limites éticos e se, segundo Eduardo Kac, o único limite será a dor, então valerá tudo (inclusivamente matar seres humanos) desde que se elimine a dor? E por outro lado, o que é isso da dor? A dor física? A dor psicológica? Eduardo Kac não explicou esses pormenores... Mas facilmente se presume que, se a referência dizia respeito à dor psicológica, então não faria qualquer sentido o seu discurso... Já que, o choque emocional que um artista pode provocar no público que assiste, ou simplesmente toma conhecimento da sua obra, pode ser classificado de dor psicológica...
Segundo Bragança Miranda, os únicos “limites são políticos e não éticos”... Mas há limites éticos... Quando a opinião pública assim o entende... E se a opinião pública não chegar a saber? Bragança Miranda não responde a essa questão... Não lhe foi perguntada...
Mas não nos fiquemos por aqui: ainda segundo o artigo elaborado por Vanessa Rato, o “crítico e comissário de arte contemporânea (...) Nuno Crespo, professor de Filosofia da Arte no Instituto de Artes Visuais Design e Marketing (IADE), vai mais longe no que considera ser o privilégio (para os artistas) de 'uma sublime neutralidade'. 'Só conheço um limite para a arte, o da boa arte. (...) Se houvesse limites formais, materiais e éticos, um urinol nunca poderia ter sido contemplado,experimentado, vivido como uma obra de arte. Toda a acção humana tem limites e a acção artística não é excepção. Conhece um primeiro limite que é o limite da sua própria linguagem. Depois, conhece o limite do outro enquanto instância de vivência da obra.' Os artistas sempre ultrapassaram limites, todo o tipo de limites: 'Serviram Estados totalitários, ilustraram políticas, deram voz a causas... E a arte sempre envolveu muito sofrimento: do artista no acto criativo, no modelo que posa longas horas para o mestre pintor, no modelo que é envolvido em gesso para fazer um molde para uma escultura... É verdade que nestes casos se trata de pessoas que consentiram, mas nos casos da utilização dos animais essa não é sequer uma questão – mesmo que quiséssemos, os animais nunca poderiam consentir, falar, assentir'. O limite que a boa arte deve assumir (...) 'é o da absoluta necessidade da obra e não outra: como diz a Susan Sotag, relativamente a essas questões os artistas devem atingir 'uma sublime neutralidade'. São de facto excepção. Até houve momentos em que os criminosos eram considerados, do ponto de vista estético, as pessoas mais interessantes. Os doentes psiquiátricos como os rostos mais perturbantes da fotografia. E desde os gregos que no campo artístico se assiste ao cometimento das maiores atrocidades sem nos causar a mais ligeira questão ético-moral. Pense-se nas tragédias gregas. Goethe dizia que esse era o luxo supremo da arte, poder fazer-nos sentir prazer com a maior desdita que um outro pode experimentar'. Os antigos, recorda ainda, 'andaram obcecados com o grupo escultórico de Laoconte porque o escultor tinha conseguido captar o momento exacto em que o homem e os seus filhos estão a morrer. (...) Isso, ressalva, não quer dizer que vale tudo na arte, mas quer dizer que 'vale tudo o que é necessário: não se trata de justificar o frívolo, a crueldade gratuita”. No caso de Habatuc e do cão envolvido na sua Exposicion Nº1 'o acontecimento diz muito, mas não acerca da natureza da obra de arte. (...) Ninguém foi salvar o cão, ninguém foi alimentar o cão, da mesma forma que não alimentamos os cães que vemos na rua, ou os sem-abrigo. (...) É essa indiferença que este episódio do cão dá a ver'. (...) A única pergunta válida (...) é se era uma boa obra de arte'. A isso não sabemos responder – não estivemos lá”.
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E assim finaliza o completo artigo de Vanessa Rato. Não se conclui quais deverão ser os limites éticos da arte, e finalmente não se conclui se a Exposicion nº 1 poderá ou não ser considerada uma obra de arte.
Mas no meio de tanta salada, há muitas questões que são levantadas...
A começar pelas questões da representação: a arte, polémica ou não, chocante ou não, pretende representar as ansiedades e interrogações da humanidade, através dos artistas que a executam e dão corpo. Mas o que será isso da representação? Nuno Crespo dá-nos como exemplo as tragédias gregas, como justificação de atrocidades cometidas na arte: mas ter-se-á esquecido este professor de filosofia da arte, além de crítico, que se estava a falar de uma representação, no caso, uma representação teatral, com todas as características ilusórias que isso implica, e não na criação de uma situação real em nome da arte? Porque, há toda a diferença... Num caso, espeta-se, por exemplo, uma faca com lâmina retráctil, e quando desce o pano, o actor morto, levanta-se novamente para a vénia aos aplausos finais. Enquanto que, caso de uma situação criada, a faca não seria retráctil, e o actor poderia mesmo morrer. Esse é, aliás, o caso dos filmes clandestinos conhecidos por Snuff , por exemplo, que circulam num mercado clandestino... São argumentos de extrema violência, com cariz sexual (no caso do Snuff ) e onde os actores (normalmente actrizes porno) morrem verdadeiramente. É evidente, que isso não é consentido por quem morre, mas que importa? Os animais também não dão consentimento para morrer em nome da arte, e nem por isso, a obra deixa de ser artística.... É claro, que estou a exagerar... O snuff e outros géneros (retratados por Holywood, em filmes famosos como por exemplo, Hostel ou 8mm) onde a violência não tem cariz sexual, mas onde é igualmente real, são crime, não são arte. Mas até quando? Se, não devem haver limites éticos para a arte? Se apenas podemos separar a boa da má arte? E se considerarmos esses filmes como má arte? Afinal de contas, são filmes... E o cinema é uma arte, a sétima arte! E ninguém terá de ser preso e condenado, apenas porque é mau artista...
Pois, como se vê, entra-se no lodo...
A arte, quando deixa de se satisfazer com a representação de situações da vida e tenta questioná-la reproduzindo-a, sujeita-se, quanto a mim, às mesmas regras éticas a que se sujeita toda a vida. Os artistas não estão, não podem nunca estar, acima da lei. Não pode haver qualquer “sublime neutralidade” quando se maltratam animais em nome da arte, porque ela não existe para quem, não sendo artista, o faz!
Agora, se falarmos nas questões da hipocrisia, do facto de, este assunto do cão vadio só ter provocado tanta polémica porque se passou numa galeria de arte, aí, a arte pode, deve mesmo, denunciá-la!
No entanto, será também uma injustiça que se tome por hipócritas todos aqueles que assinaram a petição, ou por qualquer forma protestaram, só porque, um punhado de convidados (escolhidos a dedo?) reagiu da forma que reagiu. Eu assinei a petição. E divulguei-a, o mais que pude. Igualmente o faria (e fiz) em relação a outras questões que considerei chocantes, não tendo essas nada que ver com arte. Mas nada tenho feio para tirar os sem-abrigo da rua... O artista em questão, o profeta da justiça divina, tem feito alguma coisa para isso? Ou limita-se a sacrificar animais, qual sacerdote ou chaman, de tempos que, esses sim, foram em grande medida ultrapassados, em nome dessa dita justiça Divina?
Por outro lado, no caso da Exposicion nº1, não se sabe se o cão foi realmente sacrificado. Nesse caso, a denúncia da hipocrisia poderá ter sido feita com o recurso apenas à representação, à ilusão... Pode ser o que está a acontecer, já que, a acreditar nas explicações da proprietária da galeria, Juanita Bermúdez, quando o escândalo rebentou, “Navidad, o cão, só tinha estado preso durante as três horas da inauguração” e passou “o resto do tempo no pátio da galeria, alimentado”. Acrescentou ainda Juanita, no comunicado que então divulgou, “que ela mesma tinha a intenção de ficar com ele, mas que o animal acabou por fugir.”
No entanto, e ainda segundo o artigo do Jornal Público, quando interrogado sobre o facto, o artista responde: “o cão morreu na exposição”. E quando a pergunta se torna mais expecífica, tentando discurtinar se esse “morreu” é uma metáfora ou real, a resposta é simplesmente esta: “na realidade reservo-me o direito de não responder”... A obra de arte precisa da representação da ilusão...
Mas veja-se o caso da performance de Cildo Meireles, que segundo Vanesa Rato, é hoje considerada como uma das obras fundamentais da arte contemporânea: O Tiradentes: Totem-monumento ao preso político, (forma como foi denominada a performance) aconteceu com um sacrifício real de uma dezena de galinhas. Em nome da arte. Em nome de que mais, a não ser da alimentação, é ético na vida quotidiana o sacrifício de dezenas de galinhas? Será que os artistas poderão estar um degrau acima na ética? E o caso da coelha fluorescente? Foi encomendada por um artista que cria obras de arte vivas, qual Deus, ou melhor, qual caricatura de uma certa ideia de Deus! Estará esse artista acima da ética comum? E o laboratório, afinal o verdadeiro produtor da coelha e que posteriormente, por medo do escândalo, acabou por não entregá-la? Se, não deverão haver limites para a arte, onde se poderá ir?
Estas interrogações podem fazer parte do efeito pretendido pelos artistas... Mas será mesmo necessário que se transcenda a ética, para que ela seja debatida? Será esse o “limite que a boa arte deve assumir”? O limite da transgressão? E depois de uma transgressão? Onde fica o limite? Na transgressão seguinte?
Acabo este texto da mesma forma como acaba o artigo que lhe deu origem: não sei, espero não estar lá.

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Texto: João Paulo Barrinha
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ARTEHABACUC
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A ARTE TRANGÉNICA DE EDUARDO KAK
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JORNAL PÚBLICO

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