Esta não é uma crónica musical comum. Na verdade, nem é uma crónica musical, ou mesmo sequer uma crónica, sendo que se aproximará mais de algo como uma não-crónica. Algo como uma gaveta cheia de ideias, umas boas outras más... Mas todas elas incompletas.
Um pouco também, como algumas das IMAGENS aqui apresentadas. Que no sentido clássico, serão não-imagens, ou imagens que seriam rejeitadas no processo de edição...
Mas, no entanto, arrumadas em quadros se tornam-se coerentes. E vivem, em vez de morrer...
É também, uma crónica que demorou a ser parida, precisamente pela dificuldade que tive, de início, em saber por onde lhe pegar. Se pela música, se pela imagem...
Poderia ter escrito qualquer coisa sobre a música dos MÃO MORTA... Ou das suas LETRAS, a roçar a paranóia ou o mórbido... (No entanto, sempre poderosa poesia...) Mas para quê? O que poderia eu escrever sobre os MÃO MORTA, que qualquer fã desta soberba banda Portuguesa FUNDADA EM 1984, não saiba muito melhor que eu?
Poderia também ter escrito algo sobre as pessoas por detrás do espectáculo... Por exemplo sobre o manager com pronuncia do norte, e carácter a condizer... Sobre a única mulher da banda, absolutamente discreta, quase invisível, quando não se encontra a actuar... E somente preocupada com a sua brilhante competência musical, quando actua... Falando da imagem, poderia falar também da fotógrafa oficial, personalidade algo tímida, mas ao que me apercebi, uma pessoa divertida... Ou mesmo dos outros músicos, que sempre bem dispostos, foram “despachando” alguns dos fãs, enquanto o vocalista, o Adolfo, se ia fazendo esperar.... Poderia finalmente falar do próprio Adolfo Luxúria Canibal, o absolutamente magnético vocalista...
Mas para quê? Ou melhor, o que escrever sobre pessoas que mal conheci? Com as quais apenas troquei algumas palavras e contactos, apenas as/os suficientes para obter autorização para a realização das fotografias, e posterior apresentação do trabalho?
Por outro lado ainda, dizer o quê? Os MÃO MORTA e o Adolfo, dizem tudo o que querem dizer quando actuam.
Poderia finalmente, falar na dificuldade que tive em obter estas IMAGENS, devido a uma luz difícil para a fotografia, levando isso ao consequente incumprimento meu, do que foi previamente acordado (fotografar apenas as três primeiras músicas). Talvez seja mesmo isso o mais importante, porque assim, elas acabam por dizer tudo o que pretendo acerca de um espectáculo que vi mais que ouvi.
Mesmo assim, tudo isso me parece algo irrelevante... No entanto, e apesar de não ter nada para escrever, apetece-me ainda recriar uma conversa que ouvi de passagem a um fã...
Que dizia algo como isto: “há poucas pessoas com as quais eu gostaria de aparecer numa fotografia abraçado, e uma delas é o Adolfo”... Esta pequena frase, talvez defina o carinho que o vocalista dos Mão Morta desperta nos seus fãs... E já agora, acrescento que, não sendo eu nada adepto de pedir autógrafos (nem ao José Saramago o pedi quando tive oportunidade) não resisti em fazer toda a banda autografar-me o CD “nus” que adquiri, tendo ficado com pena por não ter adquirido também o DVD “MALDOROR”.
Pois então, foi assim: Mão Morta em Torres Vedras, a 21 de Março de 2009. E FAÇA-SE MÚSICA!